REI DE BATERIA, A POLÊMICA CONTINUA.

Este é um tema que causa desconforto a alguns tradicionalistas e vem se estendendo há tempos no cenário carnavalesco brasileiro. O posto de rainha de Bateria já é bastante disputado entre as mulheres, causando boas brigas e ‘doações financeiras’, imagine então o que está por vir com os homens entrando na disputa e invadindo este espaço, que mesmo não valendo nota, é valorizado pelas diretorias das escolas.

O carnaval capixaba terá em 2017 o primeiro rei de bateria sem rainha, que sairá pelo Grêmio Recreativo Escola de Samba Rosas de Ouro, do município da Serra, grupo A, na sexta-feira, terceira escola a entrar na avenida. Wladmir Alves será coroado rei no dia 03 de dezembro do corrente ano, colocando-se na posição de segundo rei único de bateria do Brasil e o primeiro rei único de bateria do carnaval oficial do ES.

Nome – Wladmir Alves

Idade – 40 anos

Estado Civil - Casado

Profissão – Despachante Técnico de voos

Escola onde começou – Boa Vista

Posição na escola – Passista Show

Começou no carnaval – Há 8 anos

Foi no Rio de Janeiro que tudo começou

Apesar de curioso não é novidade. O primeiro Rei único de Bateria do Brasil foi Zé Reinaldo em 1994, desfilando pela Acadêmicos da Grande Rio. Na época ele foi classificado pela escola como Rainha, mas ele deu entrevista como Rei.

Mas foi em São Paulo no ano de 2007 que o personal trainer Daniel Manzioni recebeu da Acadêmicos de Tatuapé o título de rei de bateria, função tradicionalmente exercida pelas mulheres, o que já causou preconceito e foi notícias em diversos veículos de comunicação conferindo a ele o título reconhecido pelo Guiness Book Brasil como o único rei coroado na folia brasileira, juntamente com sua rainha.

Preconceito ou não o Brasil vem nos últimos anos atravessando positivamente uma fase de inclusão social de todas as categorias até então rejeitadas em determinados setores. A maior prova disso foi em 2013, quando a Unidos de Vila Santa Teresa, do grupo de acesso, quebrou todos os paradigmas e colocou a frente de sua bateria a ex BBB Ariadna, a primeira transexual a desfilar nesse posto no grupo de acesso. Ela desfilou apenas com um biquíni e purpurina para cobrir parcialmente os seios.

De lá para cá tivemos um rei aqui e outro acolá, o que já é comum no carnaval do Rio e de São Paulo, onde celebridades tem prioridades. É o caso de Miguel Falabella ter sido o rei da bateria da Nenê de Vila Matilde junto da rainha Simone Sampaio; e Susana Vieira e David Brasil terem sido coroados rainha e rei pela Grande Rio em 2014.

As cortes capixabas

Parece que essa categoria veio para ficar no carnaval oficial capixaba. Ano passado o japonês Yohji Leão desfilou a frente da bateria da Tradição Serrana na posição de rei, acompanhado de sua rainha, também de origem japonesa e de Luciana Bombom, rainha tradicional da escola. Yohji foi condecorado com o prêmio Sambista Inesquecível 2016, da categoria Revelação Inesquecível. Por outro lado, a Acadêmicos da Grande Jacaraípe, escola não participante da LIESES, acaba de coroar Serginho Sambista e Beyonce Cris como rei e rainha da bateria Tsunami.

Após coroação Wladmir Alves será oficialmente o único homem em frente a uma bateria no Brasil, uma vez que Zé Reinaldo já não desfila mais e todos os outros reis estão acompanhados de suas rainhas, ou madrinhas, ou musos e musas. Wladmir parece levar muito a sério sua nova condição malhando de segunda a sábado três horas por dia, acompanhado por um personal trainee e um nutrólogo.

Ouça a entrevista com Wladmir Alves

Por : Marinete Coelho e Dicesar Rosa Fº