sábado, 14 de junho de 2014

JUCUTUQUARA LANÇA O ENREDO PARA O CARNAVAL 2015



Um povoado, uma vila. No caminho das águas, histórias de rio e mar... Da terra, as riquezes do passado. Da imensidão azulverjante do oceano, a riqueza do presente a construir os sonhos do futuro"

Com o enredo “Itapemirim: Sob o caminho das águas, às suas ordens”, a Unidos de Jucutuquara pretende brigar pelo seu oitavo título do carnaval capixaba e homenagear o município que comemora seu bicentenário.
São 200 anos de história. E navegar pela trajetória de Itapemirim, que fica no sul do Espírito Santo, será um grande desafio para a Escola. A “Nação” vai levar as riquezas, costumes e tradições da terra dos índios Goytacazes, da cana de açúcar e referência em petróleo no Brasil para o sambão do povo. O enredo foi lançado, agora chegou a hora de convocar o time de compositores para a escolha do samba.


Daremos tempo para os compositores criarem, darem o seu melhor. Acredito que teremos uma disputa de altíssimo nível. O tema encantou o carnavalesco Osvaldo Garcia, que promete um grande desfile para o ano que vem.”, ressaltou Anderson Ferreira, diretor de carnaval da escola.
A disputa para escolher samba enredo 2015 da Unidos de Jucutuquara já tem data para acontecer, 27 de julho começa a primeira fase. 
Quem quiser Informações sobre o regulamento do concurso deve procurar Anclébio Junior, a partir desta segunda –feira (16 de junho).
Outras informações:
Contato: Anclébio Junior.  tel: 028 9998 74698




SINOPSE


 Itapemirim: sob o caminho das águas, às suas ordens.



Pesquisa e texto Anclebio Junior
“Nasço nas Minas Gerais e sou alimentado pelas águas vindas do Caparaó. Sou queda e corredeira e próximo de desaguar no Oceano Atlântico, depois de percorrer muitas terras, sou navegável. Tornei-me importante ao longo dos séculos de desenvolvimento desse pedacinho de Brasil, ao sul do Espírito Santo. Muitos foram os povoados, vilas e depois cidades que cresceram a partir de minhas margens. Uma delas muito me orgulha, exatamente a que leva meu nome: Itapemirim.
Fui cuidado pelos índios Goytacazes. Presenciei a chegada dos primeiros povoadores que por minhas águas aqui desembarcaram. Vi surgir os primeiros canaviais, as primeiras fazendas com engenhos que produziam mais da metade de todo o açúcar e de aguardente do Espírito Santo para abastecer toda a região e que eram escoadas por meio de um porto construído nas minhas margens.
Sob minhas águas foram transportados escravos, mesmo sem o meu consentimento, e, veja só, até mesmo um Imperador, isto sim, muito me envaidece. Foi através de minhas águas mansas que D Pedro II chegou até a Vila de Itapemirim em 08 de fevereiro de 1860.
Lembro-me de, naquela tarde, ver Sua Majestade se encantando com a paisagem do lugar, registrando tudo em seu diário de viagem. Com sua alma de estudioso e amante das ciências e das artes, registrou impressões sobre a fauna e a flora e ainda desenhou um relevo de pedra que avistou ao me navegar e que muito chamou a atenção do monarca. Era o Frade e a Freira, elevação rochosa que teria tomado esta forma depois que dois religiosos se apaixonaram e, proibidos de viver o seu amor, foram condenados a ficar se admirando, esculpidos em granito. Ouvi muitas vezes essa lenda contada nas embarcações que me navegavam.
D. Pedro II, o Imperador do Brasil, foi recebido com festa no pequeno porto da Vila, ao espoucar de foguetes e vivas. A comitiva atravessou a rua principal, enfeitada de bandeirolas e arcos de folhas de palmito e bambu, como nos dias de festas da padroeira. Para recebê-lo, fizeram capina, limpeza e aplainamento das ruas, melhoraram a iluminação de candeeiros e ainda atapetaram toda a extensão da rua que ia desde o porto até o sobrado da hospedagem. Ouvi dos canoeiros que transportavam a fidalga aristocracia agrícola que os hotéis e as residências estavam superlotados.
O monarca visitou a Matriz onde recebeu a chave da vila e se encaminhou à hospedagem para jantar e logo depois retornou ao porto para seguir para a colônia do Rio Novo, onde se encontrou na manhã do dia seguinte com fazendeiros e inúmeros imigrantes vindos de todo o lugar. Eram belgas, holandeses, portugueses, alguns franceses e alemães, mas principalmente suíços.
No caminho de volta a Vila de Itapemirim, D. Pedro II apenas observou as mais importantes fazendas da região, como a do Barão de Itapemirim, que havia preparado uma grande festa em seu casarão em forma de castelo, mandando vir da Corte dois retratos pintados com os bustos de Sua Majestade e da Imperatriz Tereza Cristina. Contam os canoeiros que o poderoso Barão ficou enfurecido com a desfeita da comitiva real em não parar na sede de sua fazenda para que ele pudesse agradecer a condecoração da Imperial Ordem de Cristo e da Imperial Ordem da Rosa, concedidas a o Barão pelo Imperador.
A visita terminou com uma passagem de D. Pedro à Casa de Câmara e à escola das primeiras letras. Logo depois, avistei novamente o Imperador e, sob a tranquilidade de minhas águas, o vapor o levou novamente ao oceano. Foi um dia intenso e inesquecível para esse velho rio.
De lá pra cá, continuei a receber embarcações cheias de mercadorias que chegavam à Vila e de lá saíam carregadas de açúcar e aguardente. Os novos tempos trouxeram os vapores transportando pessoas e a nova riqueza da região, o café. Com a chegada da ferrovia, fui lentamente sendo abandonado e começava a sentir os primeiros efeitos do descaso do homem com a natureza. A cada dia, ficava mais difícil navegar-me.
O tempo passou e a vida seguiu seu curso, minha Vila cresceu e minhas águas continuaram a ser o caminho que levava ao mar. Um mar que agora se apresentava como parte da transformação profetizada por Pedro II quando de sua ilustre visita ao povoado: ‘a Vila de Itapemirim tem ares de florescer...’.
O sábio Imperador do Brasil ficaria impressionado com o florescimento da cidade. Florescimento que veio do mar. Mar alimentado por minhas águas. Mar que gera alimento por meio da pesca que abastece a mesa de todo o Brasil. Mar que é biodiversidade e que ajuda a manter o frágil equilíbrio do planeta. Mar que recebe treinamentos da Marinha Brasileira, responsável pela defesa de nosso imenso litoral. Mar que é beleza e descanso nas belas praias de Itaoca, Itaipava e na Ilha dos Franceses. Mar que é rio, porque quando deságuo no oceano torno-me parte dele.
Esse mar ainda reservava à antiga Vila mais uma surpresa, em sua profundidade estava uma riqueza que viria a transformar por completo a vida dos habitantes do lugar. O "ouro negro" como é chamado o petróleo que se encontra em sua costa e veio para encher de esperança e fazer tornar-se realidade o sonho do meu povo de ver uma cidade mais desenvolvida, com mais oportunidades e mais justa socialmente.
E eu, apenas um rio, vou continuar sendo um caminho de águas a abençoar minha antiga Vila e seu povo, para todo o sempre".



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